"Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto"
(Col 3,1)

Pe. Thiago Gomes de Azevedo, C.Ss.R.
Olhar para a própria história e reconhecer nela a ação de Deus pode ser um dos maiores desafios do ser humano, quando este compreende sua existência como uma simples sucessão de fatos e acontecimentos. Pela fé, porém, podemos mergulhar no mais íntimo do nosso ser e descobrir que nas profundezas da vida existe uma semente divina, que cresce a cada dia, fazendo-nos abrir os olhos e o coração à presença de Deus em nossa história. Trata-se de um amadurecimento diário, regado pela oração e pela graça do Espírito Santo.
Contudo, diante da correria enfrentada em nossos dias, não costumamos parar para realizar essa experiência de autorreflexão. Parar, aliás, é uma ação proibida em nossa sociedade. O que importa é produzir cada dia mais, negando qualquer possibilidade de ócio que podemos desfrutar em algum momento. E assim vamos preenchendo nossa mente com coisas fúteis e nosso tempo com relações que não nos levarão a Deus. Esquecemos de revisitar a nossa história e, desta forma, não cultivamos a semente de eternidade que germina em nossa existência.
Esse exercício de voltar-se para si mesmo é fundamental para quem vivencia a espiritualidade cristã e deve ser realizado de modo orante, tendo em vista a possibilidade do encontro com Deus. E nessa peregrinação ao nosso santuário interior vamos perceber que ele abriga não apenas um baú cheio de traumas e inconsistências, mas também um relicário cheio de preciosidades que precisam ser assumidas por nós.
Portanto, revisitar a própria história na perspectiva da fé é caminhar com Deus em solo sagrado, lugar que exige a atitude de retirar as sandálias para melhor contemplar os rastros deixados pelo Criador (Cf. Ex 3, 5). Isso significa que Deus já caminhou nessa terra, marcou-a com sua presença transformadora e quis ser percebido.
Comments